Frase célebre

"De poucas partidas aprendi tanto como da maioria de minhas derrotas." (J. R. Capablanca, ex-campeão mundial)

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Cancelamento do encontro de 02/10/2010.

Prezados alunos,

Comunico que no próximo sábado, dia 02/10, não haverá encontro do grupo de xadrez, pois, em virtude das eleições que ocorrerão no domingo, a escola estará fechada para preparação das seções eleitorais. Nosso próximo encontro fica marcado para o dia 09/10.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Quem quer tabuleiros e peças novas?

Caros alunos,

Pelo que percebi, uma boa parte dos enxadristas do nosso grupo não tem jogo de peças e tabuleiro em casa, por isso acabam jogando apenas nos encontros dos sábados, quando usamos os materiais do colégio. Eu acho muito importante que cada um tenha seu material particular, para poder jogar e estudar quando estiver em casa.

Eu sei que os preços dos materiais nas livrarias ou casas de produtos esportivos não é convidativo. Por isso, tomei a iniciativa de solicitar alguns orçamentos de fábricantes e lojas especializadas, com a idéia de fazermos uma compra única, em conjunto.

A melhor opção que encontrei, foi de uma loja de Curitiba, uma das pioneiras nesse tipo de comércio no Brasil. Pelo orçamento, eles fazem um conjunto de 10 kits (compostos por um jogo de peças com sacolinha + tabuleiro dobrável) por R$ 250,00, já com o frete. O jogo de peças é idêntico ao que usamos nos encontros. Dessa forma, ficaria por cerca de R$ 25,00 cada kit, bem mais barato do que no comércio local. Creio que não deve ser difícil de encontrar 10 interessados. E quanto mais kits pedirmos, mais barato fica por unidade, pois o valor do frete fica diluído e posso barganhar um desconto maior.

Além disso, acho que este kit pode ficar mais interessante ainda, com a inclusão de um livro de nível iniciante. O preço de cada kit pode ficar então próximo de R$ 40,00. Só que daí o aluno estará bem equipado para jogar e estudar.

Sábado conversaremos mais sobre isso. Vão amadurecendo esta idéia, e guardando o dinheiro da mesada.

Até lá. 

domingo, 12 de setembro de 2010

Navegação no site.

O encontro de hoje teve o resultado esperado, pois todo mundo voltou para casa sabendo, pelo menos um bom tanto, de notação algébrica. Agora, vocês têm a possibilidade de "estudar xadrez". Tanto na biblioteca do colégio, quanto na municipal, existem livros de xadrez que podem ser emprestados e que são muito importantes para o desenvolvimento de qualquer enxadrista. Não esperem que o professor lhes dê o livro na mão. Vão lá e procurem. Comecem pelo nível "iniciante", mesmo que talvez vocês já saibam o que está escrito lá, pois existem coisas que podem demorar para o enxadrista ver na prática, e os livros aceleram este processo. "O melhor treinador de um enxadrista é ele mesmo", como já dizia o grande mestre Tigram Petrossian. Além dos livros, há muito conteúdo enxadrístico na internet. Nessa nossa página, no menu à esquerda, vocês encontram itens com conteúdo enxadrístico também. No item Princípios, Regras e Conduta estão os fundamentos que todo enxadrista deve saber, seja para o jogo, seja para o comportamento do enxadrista fora do tabuleiro. Na seção Aberturas, estão inseridos os princíos que devem ser seguidos nos primeiros lances de todas as partidas. Apresenta também, uma lista das aberturas mais conhecidas de xadrez, bem como seus lances caracterísiticos, que os enxadristas devem conhecer para poder acompanhar as análises das partidas dos mestres. No item Tática, vocês podem encontrar elementos que são usados para conseguir vantagem material ou posicional. O conhecimento destas "armadilhas" serve tanto para conseguir vantagem, quanto para evitar ficar em desvantagem, quando possibilita a visão de jogadas perdedoras. A seção Dicas e Conselhos tem uma extensa lista de considerações para o enxadrista refletir. Muitas delas o iniciante não conseguirá entender o significado, mas estas vão ficando mais clara com o passar do tempo.
Conhecer a história do jogo é uma motivação a mais no xadrez. Apreciar as lutas que ocorreram em encontros pelo Campeonato Mundial são um privilégio de quem busca esta outra faceta do xadrez. No item Campeões Mundiais estão apresentadas as fotos dos jogadores que foram os melhores em sua época. Suas biografias serão periodicamente apresentadas na seção Personalidades, presente na barra lateral direita do site.
O item Enxadristas e rating local é o espaço para as informações dos jogadores do nosso grupo. Nesse espaço estará sempre a listagem de rating (no momento não há jogadores com rating, porque ainda não foi realizado nenhum torneio), bem como a classificação final de torneios. A seção Benefícios do xadrez escolar contém um texto adaptado da minha Monografia da graduação, onde constam os motivos para a realização de um trabalho como este que estamos efetuando. O item Glossário é um dicionário de termos enxadrísticos. Se você estiver lendo um texto ou livro de xadrez e aparecer alguma palavra que você não saiba o significado, é bem provável que você a encontre nesta seção.
Para o próximo encontro, quero lembrar mais uma vez a todos para que levem caneta/lápis e caderno para as anotações, que serão obrigatórias a partir de agora. Além disso, ficarei muito feliz se for surpreendido por algum aluno dedicado, que estiver lendo um livro de xadrez.
Até o próximo encontro.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Um pouco da minha experiência pessoal – o início

Quando eu iniciei no xadrez, por volta dos treze anos de idade, no ano de 1994, jogava quase que diariamente, no horário do recreio do Colégio Amâncio Moro. Não tinha tabuleiro, nem jogo de peças. Então, um dos meus colegas, que também estava se iniciando, confeccionou um tabuleiro com as peças todas de papelão. E nesse tabuleiro nosso grupo inseparável jogou por um tempo, até que ganhei um jogo de xadrez Xalingo, aqueles com peças de plástico e tabuleiro de madeira, que quando se fecha forma um estojo para guardar as peças. Tenho ele até hoje. A partir daí, os outros colegas também conseguiram convencer seus pais a comprarem, até que todos tivessem o seu, em casa. Jogávamos sempre que podíamos, e passamos pela fase do “pastorzinho” também. Lembro que na época, a coisa que mais me chamou a atenção no xadrez, e me fez investir nele, foi a total ausência do fator sorte na definição do ganhador. Com uma personalidade um tanto egocêntrica, eu odiava perder, em qualquer tipo de jogo, quando o fator sorte era determinante. No xadrez, descobri que, se ganhei, mereci, e se perdi, posso procurar onde errei, pois certamente errei. No xadrez, ambos os jogadores começam com igualdade completa de forças, sendo que há apenas uma leve vantagem para as brancas devido ao lance inicial, proporcional ao nível dos adversários, sendo desprezível no nível iniciante. Em quase todos os demais jogos, como os de cartas, ou dados, não basta saber jogar, é preciso ter sorte, se é que ela existe. As vitórias nesses jogos dependem quase que completamente do acaso, sendo a habilidade do jogador um fator secundário para a vitória.

O fato marcante desse período para mim foi o meu primeiro torneio, o campeonato da escola, daquele ano. Apesar da pouca experiência, obtive o 2º lugar, perdendo apenas na final, para o enxadrista mais conhecido da escola na época. Creio que desse ponto em diante não havia mais volta. A partir daí, comecei a freqüentar os treinos de xadrez organizados pelo Prof. Gioni Mattei, no Colégio Duque de Caxias. Além de poder enfrentar adversários diferentes dos habituais, tive contato pela primeira vez com a notação enxadrística. Lembro que o nível dos novos adversários era equivalente ao meu, mas eles tinham como hábito anotar todas as suas partidas. Hábito este que eu também agreguei. E, por isso, tenho até hoje as minhas primeiras partidas anotadas, datadas de 1995. O fato de ter aprendido notação, e me dedicado a usá-la, foi responsável por uma evolução mais rápida do meu conhecimento do jogo. A domínio da notação enxadrística abre uma imensa porta de acesso a vasta literatura que existe sobre o xadrez. Então eu, que já era “devorador de livros”, passei a estudar os livros de xadrez, disponíveis na Biblioteca Municipal e na da escola. Existem livros para todos os níveis e para todos os aspectos e fases do jogo. Assim, passei um bom tempo estudando, e pondo em prática nas partidas o conhecimento adquirido. Percebi também que o hábito de anotar fazia com que eu levasse mais a sério cada partida. O fato de saber que aqueles lances iriam ficar registrados, me fazia refletir mais e jogar com menos displicência, ainda que continuasse a cometer muitos erros (o que faço até hoje…). Os registros me permitiam fazer uma análise post mortem em cada partida, descobrindo quais foram as falhas, os lances ignorados, as chances perdidas. Tenho guardadas algumas centenas de partidas anotadas, desde que comecei a jogar. Ainda hoje, de vem em quando, reproduzo algumas delas, o que me faz lembrar como era meu estilo, qual era o meu nível, quais conhecimentos eu não possuía na época em que foi jogada.

Por isso, focarei e cobrarei, alunos, para que anotem as suas partidas. Tenham um caderno ou pasta próprios para isso. As vantagens de se conhecer e usar a notação, como já mencionei, são muitas, mas vou repetir: 1 – Permite acesso ao conhecimento contido na literatura enxadrística; 2 – Jogamos com menos displicência quando estamos anotando; 3 – A anotação permite a análise pós-jogo, permitindo descobrir erros e lances omitidos, contribuindo fortemente para o desenvolvimento; 4 – Uma partida anotada é como uma fotografia, pois quando reproduzimos uma partida que jogamos há muitos anos, conseguimos ver como éramos e como pensávamos na época em que foi jogada.

Anotem, anotem, anotem, anotem e anotem.

domingo, 5 de setembro de 2010

Por que estudar xadrez?


(Relato de Garry Kasparov, ex-campeão mundial, considerado por muitos o melhor enxadrista de todos os tempos)

  
          A proposta de revista Sport in the URSS, de publicar uma série de lições minhas, para os seus leitores, pegou-me um pouco de surpresa, porque eu mesmo ainda estou estudando as sutilezas do Xadrez. Depois de pensar um pouco, eu resolvi que, escrever a respeito da minha compreensão e da minha interpretação, dos fundamentos do Xadrez, também seria útil para mim. Eu sou um apaixonado pelo Xadrez; esta paixão já dura muitos anos e é para sempre. Eu estou sempre estudando Xadrez e estudando minunciosamente. Mesmo quando eu analiso aquilo que já fiz e traço planos para o futuro, não consigo deixar de me impressionar diante da inesgotabilidade do Xadrez e de tornar-me, cada vez mais convencido, de sua imprevisibilidade. Veja por você mesmo: já foram disputadas milhões de partidas. E milhares de livros foram escritos, sobre vários aspectos do jogo. E assim mesmo, não existe um método ou uma fórmula capaz de garantir a vitória. Não há critérios, matematicamente comprovados, para avaliar-se sequer, um lance, quanto mais uma posição. Os experts em Xadrez não têm dúvida, de que, na maioria das posições, há mais de uma continuação recomendável e, cada um escolhe o “melhor lance”, com base na sua própria experiência, capacidade analítica e até mesmo caráter. Nem mesmo, a possibilidade do emprego de computadores, para análise, parece séria no presente (1993), uma vez que ainda não foi encontrado um algoritmo definitivo da partida de Xadrez e, não há programa algum, capaz de lidar confiavelmente, com suas complicações múltiplas. E por que falar a respeito de detalhes, posições e estágios da partida, quando nem mesmo há uma resposta para a pergunta: “o que é o Xadrez? Um esporte, uma arte ou uma ciência?” Alguns dirão: “os jogadores de xadrez participam de torneios e disputam partidas, lutam para vencer e o resultado é importante para eles - o que significa que o Xadrez é um esporte. Ele desenvolve a força de vontade e ajuda as pessoas a se tornarem mais fortes.” E como pode alguém convencer outro da correção de opinião, daqueles que sempre se impressionam com a beleza das combinações e da lógica das táticas do Xadrez? Para estes, um engenhoso sacrifício de Dama, em uma partida perdida, é uma fonte de prazer, ao passo que uma partida monótona, forçada, os deixa indiferentes. Para estes, o Xadrez é uma arte capaz de trazer felicidade e de dar sentido aos momentos de lazer. Ao mesmo tempo, há também, muitos entusiastas capazes de passar noites em claro, resolvendo um problema do tipo: “Por que as pretas movem a Torre para a casa d8, em vez de mover o Cavalo, para a casa c6? Por que a posição das pretas é melhor?” Para estes, o Xadrez é principalmente uma ciência, baseada no raciocínio lógico. Eu gosto do Xadrez, pela versatilidade e pela multiplicidade. Foi a beleza e o brilhantismo dos golpes táticos, que me cativaram ainda na infância. Primeiro, admirando este brilhantismo, e depois, buscando-o nas minhas próprias partidas e, a seguir, tentando jogar bonito - tais foram os estágios do meu crescimento, como um prisioneiro da Arte do Xadrez. Mas depois veio à época, em que comecei a competir com outros, a tomar parte em torneio após torneio e, isto quer dizer que tive que começar a trilhar o caminho do Xadrez, como esporte. Eu ainda gosto de jogar bonito, mas não mais posso ser indiferente aos meus resultados; a se vou ganhar ou terminar nas últimas posições. Eu quero vencer; eu quero derrotar todos, mas quero fazê-lo com estilo, em um combate esportivo honesto. O ex-campeão mundial Mikhail Botvinnik, que eu considero meu professor, é um acadêmico do Xadrez, cujo trabalho ajudou-me a abordar o Xadrez Científico. Ele despertou em mim, o prazer de pesquisar e de resolver os inumeráveis problemas do jogo. A longo de meus preparativos para as competições e durante minhas análises de partidas abertas, de repente, percebi que estava tentando estudar meticulosa e metodicamente, com uma persistência típica de um pesquisador. Estou convencido de que minha afeição por todos estes aspectos do Xadrez irá contribuir para preservar a minha paixão, pelo resto de minha vida. Meus pais ensinaram-me a mover as peças, quando eu tinha cinco anos e eu fiquei fascinado. Um ano mais tarde, fui levado para um grupo de Xadrez, no Clube de Jovens Pioneiros, em Baku, onde imaginava-me em um reino de jogadores de Xadrez. Tornei-me incapaz de viver sem o Xadrez, desde então. Eu sempre gostei de atacar, desde a infância. Ainda gosto de jogar na ofensiva. Dediquei muito tempo para estudar os fundamentos, que parecem não ter nenhuma influência direta no jogo, mas que – estou convencido - são tão necessárias para um Grande Mestre, quanto para um amador, que queira melhorar seu jogo e obter agradáveis resultados em torneios. Para atingir o seu alto padrão de jogo, um Grande Mestre tem de gastar milhares de horas estudadas, centenas de partidas. Seu talento jamais se desenvolveria sem tamanho trabalho. Se você gosta de jogar Xadrez, mas não tem tempo para dedicar-se a um estudo independente, mas assim mesmo, quer derrotar seus amigos, você terá que gastar algumas dezenas de horas, debruçado sobre o tabuleiro.